O nosso frique preferido em mais um álbum solar, tropical, refastelado. Que mais se poderia pedir?
Devendra Banhart, animal nómada que - na juventude dos seus 28 anos - parece ter o peso de tempos imemoriais sobre os ombros, regressa à guarita quando grava um disco. Talvez por isso nunca identifiquemos marcas de uma furiosa absorção de referências - a evolução de Rejoicing In The Hands (obra maior, de 2004) até What Will We Be (que temos em mãos) não é algo que possamos esquematizar num ficheiro Excel; os dois discos partem do mesmo recato para se desdobrarem em estados de espírito diversos, não necessariamente por via de novas conquistas.
What Will We Be tem sobre si um sol por vezes primaveril, outras abrasivo e saturado - em qualquer dos casos não deixa margem para a penumbra. "Can't Help", a abrir, é uma espécie de calipso desacelerado, típico introito para feitos maiores. O primeiro dos quais é "Angelika", folk de adoração feminina típica de um Donovan, mas onde um tempero tropical vai preparando terreno para a (consumada) investida "salsa" e a transição para a língua castelhana.
Em "Baby" encontramos uma voz parecida com a de Caetano Veloso, mas com o vibrato inconfundível de Banhart, funk de insinuação corporal, coros em falsete, trópico de Capricórnio bem perto e bebida sorvida em posição quase horizontal. O pé já se deixou molhar.
A América só dá sinais de si em "Goin' Back to the Place", peça de country-rock californiano, ainda de papo para o ar, mas sem Tito Puente a tocar no bar da praia. E se em "Chin Chin & Muck Muck" vemos Banhart meter-se com jazz de fechar o tasco, logo de seguida dá-se o ataque a um glam rock ora à Marc Bolan, ora à Roxy Music ("Love Is The Drug" é a matriz) - a melhor definição de Franz Ferdinand que conseguimos arranjar ("16th & Valencia").
O cardápio completa-se com canções de embalar ("First Song For B", "Last Song For B"), psych-folk aérea ("Maria Leonza"), pujante hard rock dos 70s ("Rats"), uns Grizzly Bear latinos ("Brindo") e bailaricos de sociedade recreativa ("Foolin'"). Quem não conseguir enamorar-se com tamanha abastança deve pousar esta revista e tirar férias agora mesmo.
Devendra Banhart, animal nómada que - na juventude dos seus 28 anos - parece ter o peso de tempos imemoriais sobre os ombros, regressa à guarita quando grava um disco. Talvez por isso nunca identifiquemos marcas de uma furiosa absorção de referências - a evolução de Rejoicing In The Hands (obra maior, de 2004) até What Will We Be (que temos em mãos) não é algo que possamos esquematizar num ficheiro Excel; os dois discos partem do mesmo recato para se desdobrarem em estados de espírito diversos, não necessariamente por via de novas conquistas.
What Will We Be tem sobre si um sol por vezes primaveril, outras abrasivo e saturado - em qualquer dos casos não deixa margem para a penumbra. "Can't Help", a abrir, é uma espécie de calipso desacelerado, típico introito para feitos maiores. O primeiro dos quais é "Angelika", folk de adoração feminina típica de um Donovan, mas onde um tempero tropical vai preparando terreno para a (consumada) investida "salsa" e a transição para a língua castelhana.
Em "Baby" encontramos uma voz parecida com a de Caetano Veloso, mas com o vibrato inconfundível de Banhart, funk de insinuação corporal, coros em falsete, trópico de Capricórnio bem perto e bebida sorvida em posição quase horizontal. O pé já se deixou molhar.
A América só dá sinais de si em "Goin' Back to the Place", peça de country-rock californiano, ainda de papo para o ar, mas sem Tito Puente a tocar no bar da praia. E se em "Chin Chin & Muck Muck" vemos Banhart meter-se com jazz de fechar o tasco, logo de seguida dá-se o ataque a um glam rock ora à Marc Bolan, ora à Roxy Music ("Love Is The Drug" é a matriz) - a melhor definição de Franz Ferdinand que conseguimos arranjar ("16th & Valencia").
O cardápio completa-se com canções de embalar ("First Song For B", "Last Song For B"), psych-folk aérea ("Maria Leonza"), pujante hard rock dos 70s ("Rats"), uns Grizzly Bear latinos ("Brindo") e bailaricos de sociedade recreativa ("Foolin'"). Quem não conseguir enamorar-se com tamanha abastança deve pousar esta revista e tirar férias agora mesmo.
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