terça-feira, janeiro 19, 2010

The Hot Rats - Turn Ons

É desnecessário atestar a genialidade resultante da confluência entre Gaz Coombes e Danny Goffey, criadores dos Supergrass, com a produção de Nigel Godrich (Radiohead, Charlotte Gainsbourg, Air...), interpretando músicas de nomes como Lou Reed, Pink Floyd, Kinks e Beastie Boys. O que era para ser uma brincadeira, enquanto o baixista Mick Quinn recuperava de uma lesão nas costas, acabou dando origem a um projecto “descolado” e extremamente profícuo, os The Hot Rats. Turn Ons sai neste mês de Janeiro, após duas breves semanas de gravação e escolhas peculiares. I Can’t Stand It, que na voz de Lou Reed e instrumentalização do Velvet Underground construiu-se como um pós-punk seminal e lo-fi, abre o disco, mostrando a predisposição do The Hot Rats a distorções, em todos os sentidos. Big Sky, dos Kinks, vem logo de seguida, resgatando a melodia baladeira, mas com harmonizações e timbres significativamente pesados. A essência de The Crystal Ship, música translúcida encarnada pelo Jim Morrison, permanece intacta, enquanto em (You Gotta) Fight For Your Right (To Party), dos Beastie Boys, a banda vale-se de texturas mais nítidas e objectivas. Já os Gang Of Four são redescoberto com Damaged Good, uma canção de cadência marcante, preservada nesta versão. Love is The Drug, faixa clássica dos Roxy Music, tem seu naipe de sopros mantida, ganhando com mais dinâmica. Bike é uma versão pobre de uma das principais sínteses dos Pink Floyd, no seu surgimento psicadélico. O facto repete-se com Pump it Up, de Elvis Costello, desencantada do seu colorido New Wave. Em The Lovecats, dos Cure, Gaz opta por emular Robert Smith, de maneira até satisfatória. O momento David Bowie do disco mostra-se em Queen Bitch, reconstruída num andamento mais ágil, mas não menos cativante. E.M.I ganhou uma versão melhorada, com produção mais limpa, o que no caso dos Sex Pistols não necessariamente é uma boa. Para finalizar, e re-apresentar o lado B Squeeze, Up The Junction soluciona os excessos de arranjos jogando uma luz electrónica à produção original.






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