Aparentemente, os Makrosoft são um projecto mais ou menos obscuro que, alegadamente, conta nas suas fileiras com Rüdiger Esch (Die Krupps) e Trini Trimpop (Manager dos Toten Hosen) e se autofilia na tradição musical electrónica de Dusseldorf, terra dos Kraftwerk, Neu ou Daf.O disco de estreia, ao que sabemos, dos Makrosoft chama-se "Stereo Also Available In mOno" e transmite-nos, exactamente, essa sensação reconfortante. Segundo os autores, trata-se de pegar no "DNA da música popular e transformá-lo no código universal de um ícone pop moderno, com referências crípticas escondidas sob melodias fáceis e padrões sonoros familiares". Ou, seja, estamos perante mais um bom disco de versões que aposta na subversão sonora, na peugada conceptual se Senõr coconut e Lassigue Bendthaus, Richard Cheese, The Moog Cook Book , XPer XR. e, se quiseremos, num plano anexo de Paul Anka ou Nouvelle Vague.Com variável e interessante grau de trangressão, e recontextualizando canções dos Velvet Underground, Clash, Iggy Pop, Nirvana, REM, Soundgarden ou Metallica, ou John Lennon, os Makrosoft evoluem em cenários de cocktail electronico para matiné de salsa lounge psicadélica kitsch, intentando ligações perigosas da space age bachelor pop, com ska, western spaguetti, breakbeat, hip-hoppy, jazzy e música natalícia eurovisionária, e ainda qualquer coisa parecida com o crooning, rematadando o acervo com sentido de humor, elemento habitualmente obrigatório em operações deste cariz e envergadura.O disco tem piada mas não se fica pelo mero sorriso de conveniência. Tem também ideias boas, como a que decorre da percepção de que o funk branco dos Kraftwerk tinha um bom balanço de ska jamaicano e o resultado "Das Modell" ficará para sempre na memória colectiva. Mas as versões com molho western e dinâmica spaguetty são também muito boas. Vale a pena descobrir o universo Makrosoft mas atenção que a Action Figure da capa não está incluída. O que é pena.