«… o teu som é influenciado pelo desenvolvimento das máquinas que usas.» Paul Daley, 1995
A antecipação estava já a ser sufocante. Paul Daley e Neil Barnes tinham estabelecido o seu domínio sobre a música de dança britânica com «Open Up», em 1993, uma colaboração estrondosa com Jonh Lydon, para depois desaparecerem da cena musical. Quinze meses depois, as dúvidas desapareceram. Será este o melhor álbum de dança da história? Talvez. É, sem dúvida, o mais inteligente. Leftism tem um ritmo estupendo. «Black Flute» é o primeiro tema onde o tempo aumenta de forma significativa. A meia hora anterior é passada entre becos escuros («Release The Pressure»), criando sons que deixam qualquer um atónito («Melt»), rebentando com a caixa torácica com os sons arrancados ao baixo («Original»). Não é de estranhar que a capa do álbum seja uma coluna rodeada por uma mandíbula aterradora. Depois de o seduzir, a dupla decide que chegou o momento de subjugar o ouvinte. O monumental «Space Shanty» consegue isso sem o mínimo esforço porque, são sete minutos da mais pura locura, numa espécie de louvor que só o «Voodoo People» dos Prodigy consegue rivalizar. Depois de alcançar tal intensidade, artistas com menos talento tentaram manter a mesma onda, mas «Inspection (Check One)» demonstrou que a invenção é tão importante como a evolução. Então, depois do supracitado «Open Up», acabamos onde começamos, com temas mais calmos e a demonstrar maior consciência social. Por esta altura é o tema «21st Century Poem» que surge embebido na raiva tranquila do poeta de Manchester, Lemn Sissay. Leftism candidato aos Mercury Music Prize britânicos. O facto de ter perdido para o álbum Dummy dos Portishead, igualmente revolucionário, não significa que este trabalho não tenha vindo a restabelecer a fé na música de dança. Os Leftfield conseguiram salvar um género musical.
(1001 discos para ouvir antes de morrer)
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