quarta-feira, outubro 17, 2007

Shady Bard - From the Ground Up

Não consta (ou pelo menos ainda ninguém o fez constar) das agendas de edição discográfica nacional um dos mais curiosos álbuns de estreia do ano. O disco apresenta os Shady Bard, um quinteto oriundo de Birmingham (Reino Unido) com educação feita em escolas de música e vontade evidente em não fazer dos seus discos apenas um baú de canções para ouvir ater que cheguem as seguintes. Numa altura em que tudo é (ou quer ser) verde, os Shady Bard, apesar da capa castanha do álbum, são genuinamente verdes. As suas canções soam a verdadeiras reflexões sobre o mundo em que vivemos, a natureza, o ambiente, a acção do homem sobre o mundo. Sem panfletarismos fáceis, sem o verde por fora (e outras cores e interesses por dentro) de muitos outros recentes convertidos à maré cor de relva. A honestidade da postura ambientalista dos Shady Bard é sublinhada não só pela política de edição adoptada (que revela, por exemplo, capas fabricadas a partir de materiais reciclados e montadas à mão) como por uma música que casa com todo o edifício ético que se apresenta. Suportada por uma voz expressiva, plácida mas não necessariamente melancólica, esta é uma música essencialmente acústica, que aceita a presença de instrumentos diversos, reunidos sob cuidados e contidos arranjos que nunca perdem a noção de quem quer ter os pés na terra. From The Ground Up mora algures entre a assimilação de heranças na pop e na folk, e não esconde que nas prateleiras das casas destes músicos devem morar discos dos Sigur Rós, Gorky’s Zygotic Mynci ou Belle & Sabastian. O apelo bucólico e pastoral afasta-os de recentes manifestações de curiosidade folk via pop (como os Guillemots ou Larrikin Love), aqui residindo uma proposta sólida e cativante que vale a pena ouvir.

















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